Entra em casa e a mãe faz a pergunta habitual: "Como foi a escola hoje, querida?". Hesitante, dirige-lhe a mesma resposta de sempre: "Igual à de sempre.". A mãe não desvia os olhos do lava-loiça e responde-lhe, ignorantemente: "Não tens idade para teres problemas...".
Repentinamente, duas lágrimas dançavam nas suas pálpebras, enquanto caminhava para o quarto. Tranca a porta com agressividade, atira a mala pelo quarto e corre para a cama desfeita, deixando as lágrimas satisfazerem as suas vontades. Tal como todos os dias.
Em casa, os pais divorciaram-se. Na escola, o rapaz de quem gosta odeia-a e finge que ela nem sequer existe, ao almoço, rodeada por cerca de duzentas pessoas na mesma cantina, nem uma se sentara na sua mesa, nos intervalos fica sempre sentada no mesmo banco, observando os outros adolescentes a viver a vida, a falar, a rir. Até nas aulas permanece invisível. A única refeição que toma é o almoço, pois adormece sempre mergulhada em lágrimas antes do jantar, e recusa-se a comer de manhã. Acha-se miserável e subestimada pela própria mãe.
Recusa-se a continuar assim. Levanta-se e senta-se em frente ao espelho. Maquilhagem negra percorre o seu rosto. Abre uma pequena caixa e tira de lá uma lâmina, contempla-a por escassos minutos e depois começa a percorrer todo o seu corpo com ela, vendo a dor sair-lhe pela pele. Num dado ponto, toda a dor desaparece e ela deixa-se adormecer...
![]() |
" Cabe a cada um de nós decidir qual o caminho certo para a felicidade. (♥) " |
Sem comentários:
Enviar um comentário