segunda-feira, 18 de abril de 2011

#10 - amizade

"  Conheceram-se no jardim de infância. Eram pequenos e disfrutavam da sua doce inocência. Ele aproximou-se dela e pediu-lhe se podia brincar com ela. Ela olhou para ele e disse-lhe que gostava dos olhos dele. Ela repetia-lhe aquela frase todos os dias, e ele, mesmo sem saber porquê, ficava maravilhado em qualquer das vezes em que ela lhe dizia aquilo.
   Eles cresceram juntos, e desde o momento em que ele a conheceu, ele soube que ela era uma verdadeira amiga. Era bonita e amável, e cada vez que ele estivesse em baixo ela animava-o. Passavam horas a falar sobre nada, e do nada ela se virava e repetia: 'gosto dos teus olhos'.
   Tornaram-se melhores amigos. Ele não conseguia imaginar um dia da vida dele sem ela, e tão pouco achava que a merecia. Cada vez que ele estava magoado, ela também estava, e cada vez que não estava com ela sentia-se sozinho.
   Numa tarde de Domingo, ele convidou-a para vir ter com ele. Sentou-se nos degraus da entrada de sua casa à espera dela, quando, do nada, recebeu uma chamada da mãe dela para que ele viesse ter com ela rapidamente. Ele estava confuso, mas conduziu até casa dela o mais rapidamente possível, até que, a meio do caminho encontrou uma cena da qual nunca se esqueceria o resto da sua vida. Correu para o pé da mãe dela, que chorava em frente de um carro esmagado. Ele olhou para o carro, e no momento em que a viu no banco da frente, rodeada de sangue em sua volta, desmanchou-se em lágrimas.
   A ambulância chegou e ele não sabia o que esperar. Ele foi com ela, segurando-lhe a mão o tempo todo. Quando chegou lá, foi-lhe informado que ela entrara em coma. Ele correu para o quarto onde ela se encontrava e recusou-se a sair.
   Passaram-se três semanas e ela continuava em coma. Ele passara o mesmo tempo lá, sentado ao lado da sua maca, saindo apenas para ir buscar comida. Um dia, uma das máquinas irrompeu num alarmante e estridente som. Os médicos invadiram o quarto e forçaram-no a sair. Infinitas ideias flutuavam na sua mente, até que um médico, com um olhar nervoso saiu do quarto e caminhou na sua direcção: 'Lamento, mas ela perdeu a memória'.
   Ele não sabia o que isso significaria para ele, mas entrou hesitantemente no quarto e aproximou-se dela. Demasiado assustado para falar, ficou ali. Ela, virou a cabeça lentamente, olhou-o directamente, e murmurou: 'Eu não sei quem tu és, mas eu gosto dos teus olhos'. ♥

"um verdadeiro amigo entra na nossa vida por acaso e fica cá de propósito" ~ ♥